domingo, 26 de dezembro de 2010

...


Eis uma cor no céu...
Uma gota no mar...
Um grão na areia...
Primeira reticência...

A troca de olhares...
  Tocam-se duas mãos...
A dor do parto...
Segunda reticência...

  Sobrevém a velhice...
Fechar de olhos...
Eis a escuridão...
Ponto final.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Soberano Sorriso

Teu sorriso ameno
Tornou-me amante
Que tão aprazível és!

Exprime singelos dentes sinceros
Contraídos entre lábios imponentes e supremos

Este abundante valor está nos devaneios de uma alma doentia...
Durmo ao relento, sem teto

Exposta à umidade da noite
Sonhando com aquele sorriso sem dono 
Em que eu sou a corte.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Incendeia o meu peito
Uma explosão que ultrapassa forças naturais

Com sentimentos diversos. 
Minha boca
Clama por frescor

Qualquer que seja
Essa demonstração, que riquezas juvenis

Sufoca a garganta
Queima a língua.
Deveras a idade.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Prometa-me!
Prometa-me que os murros serão reduzidos de consistência 
Que a dor que me fizera sentir ontem
Hoje seja amena...

Da tua insanidade sinto frieza, repulsão, horror
Que sustento por um basto fato
E prezo por essa lástima
Que insisto em chamar de amor.

(Baseado na letra "Love the way you lie")

Vossas Coações

Não suponho vergonha alguma
Em me sentir estranha;

Apenas diferente

Isto só me tornaria incomum dos demais
Pobres coitados!

São tão míseros previsíveis.

Enigma

Contigo deixo

Minhas inexprimíveis causas ocultas
Envolto num mistério de um olhar

Que julgas se ardor.
Te digo que seja apenas;

Uma aparência lúgubre
Lamentosos fúnebres

Que inflamam minha imprudência.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Biblioteca

No mear de uma circulante

Coleção de livros
Quero me alojar

Que me abriguem suas letras
E na confluência de suas estantes

Permanecerei em serenidade inabalável.

Coração Penoso

Escravizou-me um orgão insano
Um sentimento vigoroso
Que torna sórdido os meus sentidos

Nasce em mim um coração torpe
Que se agita ao ver passar

Aquilo que não escolhi
Recebo ordens
De um pedaço meu

Que me envia atos subversivos
E dementes

Por fazer o que eu certamente não quero
Obrigou-me!
Mesmo que aqui dentro

Ele manda
Eu obedeço.

Adolescente

Entre o fim de uma menina
E o começo de uma mulher

Há o que há!
Nada sou;

Nem início nem fim!
Uma metade desfavorecida

Sou o remisso no vazio
Uma cólera no cio

Um colóide de poesias
Que medeia pais e filhos.

Idealistas

Tempo que não passa
Nem chega perto

Olhos semi-cerrados num desleixo

Vagam a procura pelo vento enfado;
Uma brisa de gritantes mudanças

Engole-me uma sombra negligente

Corroem-me com uma tediosa ostentação sóbria 
Um incêndio de idealistas;

Deterioram minha imagem num equívoco desprezível
Desdenham minha altura

Sou nova para ele.

Acordo Abstrato

Esse vento que me traz
Tais lembranças malditas

Assola minha alma
Açoita meu corpo
Ainda que tardia

Tira de mim o sossego
Que acalentara meus sentimentos

Advertia em mim o que havia de remorso rancoroso
Convertia-se em segura piedade
Vai-te embora vento

E leve contigo minha dor
Que se torne tua melhor companhia

E não se largue dela
Viva intensamente ao seu lado
Não a deixe que me procure

Torne-a tua esposa
Para que não sinta mais a falta que criou em mim

Recordação não é minha prioridade dessa que tu traz
De-me a mão
Refaçamos nosso acordo

Leve-a embora
Que a deixo ir sem demora

Porque de: esperança
Para: coração juvenil
Nem aresta me resta mais.